O cenário econômico de 2025 aponta para um aumento nas dificuldades da classe média no acesso ao financiamento imobiliário. De acordo com um estudo da Itaú BBA, com base nas percepções de seis dos maiores construtores residenciais que operam nesse segmento, a situação deve apertar.
Construtores como Diálogo, Patrimar, Exto, You Inc, Tegra e um indicam que a competição por crédito foi acirrada, com uma oferta de financiamento mais escassa. Esse cenário é um reflexo de uma tendência que mudou nos últimos tempos, quando os bancos, anteriormente ansiosos para os clientes, agora são mais cuidadosos.
Leia mais:
Drex faz uma pausa e não deve ser lançado em 2025, diz o Central Bank
A nova realidade para quem procura financiamento imobiliário

A classe média, que historicamente tem sido um dos principais públicos do mercado de financiamento imobiliário, enfrentará uma realidade muito diferente em 2025. Com o aumento da concorrência de crédito e a maior restrição de ofertas bancárias, a chance de aprovação imobiliária se torna mais seletiva. De acordo com Itaú BBA, a escassez de crédito pode tornar a vida ainda mais difícil para quem procura adquirir uma propriedade.
O impacto das taxas de juros no mercado imobiliário
Uma das principais razões para esse cenário está diretamente ligada ao aumento das taxas de juros, que afetam a capacidade de financiamento das famílias. O diálogo, uma das empresas de construção consultado, informou que, apesar do cenário de interesse mais alto, a demanda por imóveis é alta, mas a cautela persiste. “Apesar da cautela dos bancos, o número de clientes que buscam financiamento não diminuem”, diz a empresa de construção.
No entanto, a insegurança ainda é grande e as empresas do setor estão sendo mais seletivas ao lançar novos projetos. Espera -se que os bancos se concentrem apenas nos clientes que adquirem imóveis do projeto financiados por essas mesmas instituições, uma medida que visa reduzir seus riscos e aumentar a garantia de retorno do investimento.
Prioridade de crédito: quem se beneficiará?
O estudo de Itaú BBA ressalta que, com o crédito mais restrito, os bancos concentrarão seus recursos em clientes de menor risco. Isso significa que pessoas com maior capacidade financeira e um bom relacionamento de crédito serão mais fáceis de aprovar o financiamento. Essa prioridade no crédito torna a classe média, tradicionalmente o público -alvo de financiamento, enfrenta mais dificuldades em 2025.
“Os bancos provavelmente concentrarão o financiamento em clientes que compram unidades de um projeto financiado”, conclui o relatório Itaú BBA. Esse movimento visa garantir uma maior segurança para os bancos em um cenário de incerteza econômica.
O aumento dos preços dos lançamentos imobiliários
Além da dificuldade em acessar o crédito, as empresas de construção também enfrentam desafios relacionados aos custos de produção. De acordo com o estudo, as empresas imobiliárias estão fornecendo um aumento nos preços do lançamento até 2025. O aumento dos custos de produção, incluindo o custo de dinheiro e terra, pressionará ainda mais as margens dos construtores. Essas empresas buscam proteger seus lucros em um cenário de alta taxa de juros e maior dificuldade no financiamento do projeto.
O impacto do custo do dinheiro no mercado imobiliário
O aumento das taxas de juros no mercado, em grande parte devido à busca de recursos dos bancos fora do financiamento tradicional de poupança, afetou diretamente o mercado imobiliário. Os bancos, com recursos mais caros, precisam passar esse custo para os clientes, o que torna o financiamento imobiliário menos acessível à classe média.
“O custo do financiamento está ficando mais alto e mais alto e, com a escassez de recursos de poupança, os bancos dependem cada vez mais do mercado de capitais”, explica Itaú BBA. Os construtores, por sua vez, buscam alternativas de financiamento, como parcerias com fundos privados, para permitir seus projetos.
O papel dos fundos de investimento na construção

A EXTO, uma das empresas de construção consultada, exemplifica essa tendência de buscar terras em parceria com fundos de investimento. Essa estratégia demonstrou ser uma alternativa viável, especialmente considerando os altos preços das terras em áreas de alta demanda, como em São Paulo, onde os proprietários exigem pagamentos mais altos e em dinheiro. Isso reflete um aumento nas dificuldades financeiras para os construtores, que precisam procurar soluções criativas para permitir novos empreendimentos.
Com os preços das terras em ascensão e os construtores enfrentando custos crescentes, as perspectivas são que os preços dos imóveis também aumentam. As vendas imobiliárias seguirão com boa demanda, mas as condições de aquisição serão mais desafiadoras.
O que esperar para o futuro?
O ano de 2025 promete ser um período desafiador para quem procura financiamento imobiliário. A classe média, que sempre foi o principal consumidor de crédito imobiliário, enfrentará maiores dificuldades na obtenção de recursos. Além disso, com o aumento dos preços dos lançamentos, o mercado pode se tornar mais inacessível a uma parte considerável da população.
O relatório ItaU BBA deixa claro que os construtores permanecerão cautelosos com os novos lançamentos, adotando uma postura mais seletiva, o que pode levar a uma desaceleração no ritmo das novas empresas. Nesse cenário, a classe média terá que se adaptar a uma realidade de crédito mais restrita, com taxas de juros mais altas e preços imobiliários mais altos.
Enquanto isso, os construtores continuam procurando alternativas para permitir seus projetos, incluindo parcerias com fundos privados e a exploração de outras fontes de financiamento. Com a expectativa do aumento dos preços dos lançamentos em 2025, o mercado imobiliário será mais competitivo e desafiador para quem procura realizar o sonho da propriedade da casa.
Imagem: 89stocker / shutterstock.com